(continuação do capítulo 01)
O jeito encontrado foi recorrer ao terceiro andar da Loja de João de Germano que colecionava dinheiro por anos seguidos. Notas até que já haviam saído de circulação e estavam empilhadas como no cofre do Tio Patinhas. Pouca gente sabe disso e da enorme avareza que estava relacionada a esse fato.
Com paciência, mas há muito custo levantaram a grana que necessitavam para dar aos ignorantes políticos de sempre um motivo para fazer sua escolha. A política era assim, alguém tem dúvida se isso mudou?
Nesse momento da história, produtores da região ainda insistiam no gado, como principal fonte de riquezas. O cerrado, para muitos era lugar onde nem calango conseguia sobreviver. Estavam redondamente enganados. Essa era a influência de Baltazarino e de seus seguidores, que não viam com bons olhos a chegada dos sulistas.
A “Velha Raposa” mantinha uma aversão crônica contra sulistas e geralistas. Sim, aqueles desgarrados que ocupavam sítios a beira dos rios do cerrado, nada produziam e consumiam o peixe e a farinha de mandioca. Eram posseiros naturais do cerrado e no fundo do quintal seus montes de desejos esbranquiçados se acumulavam.
Em discurso na praça pública ele disse:
- Se você por acaso estiver caçando no cerrado se defrontar com uma onça e um geralista, atire no geralista!
Balta parecia considerar o brejeiro dos gerais como a mais deprimente espécie humana, segundo ele causadores de confusão e intrigas. Talvez se explique pela incidência de violência no cerrado, onde o conflito de grileiros e posseiros que utilizassem a mão de obra de geralistas, tenha se tornado corriqueira.
Nos dias de hoje os geralistas sumiram e junto com eles grande parte da flora nativa do cerrado, coisa que os ecologistas que defendem o verde pelo verdinho, costumam fazer disso seu cavalo de batalha. Essa suposta devastação do improdutivo está servido para produzir a mais significativa forma de alimentar a humanidade. Mas tudo enfim, é só uma questão de opinião.
Os dias gloriosos da “Velha Raposa” passaram, ficou apenas a história, as lendas e as “indagas” que ainda hoje alimentam o imaginário popular. Amado ou odiado, isso não importa mais, sua contribuição para a cidade foi deveras considerável. Era uma figura típica, um velho coronel que se impôs em um momento da história, onde a valentia, a ousadia e a coragem ainda eram consideradas importantes.
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Guto de Paula
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