POLÍTICA EM CAPÍTULOS – Central São Francisco de Comunicação
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POLÍTICA EM CAPÍTULOS

(Capítulo 06 Episódio 2) – RESTAURANDO O PADROEIRO

Imagino que entre umas e outras, debruçaram-se no trabalho. Raspa aqui, lixa ali, toma uma, fuma outra e a obra começou a ser restaurada. Conhecendo esses dois artistas, já era possível imaginar que seu fazer artístico e seu senso crítico, foi o fator norteador do processo.

Mestre Randesmar vivia sua faze artística, obcecado pelo caju, por entender que essa fruta tropical tão comum na região, tinha que ser eternizada em suas obras. Inúmeras delas que expos nesse período, estavam infestadas de caju. Colorido forte, muita luz e muito caju.

Enfim o caju visto por diversos ângulos.
Por sua vez, Mestre Agamenon deve ter contribuído muito com suas ideias e experiencias artísticas e possivelmente colocou nessa obra de restauração, toda sua capacidade criativa.

Esse fato, segundo me foi relatado, aconteceu por volta da década de 80, meados de 90. Os artistas eram ainda muito jovens, criativos e irreverentes. Seja pelo efeito do que ingeriam na ocasião, ou talvez pela fumaça que produziam, ou mesmo pela “indaga” irreverente nos seus inúmeros encontros que os unia, o resultado final foi surpreendente.

O São Desidério estava parcialmente livre dos cupins, liso e exuberante, com um aspecto totalmente renovado, quando a dupla deu por concluída a obra. Pincelado de rosa choque e com um reluzente manto azul turquesa. Uma beleza!
Quem dizem não ter gostado nada desse resultado, foi o contratante, que ficou deverasmente escandalizado com o aspecto gay da imagem. Desconheço como ele se apresenta nos dias de hoje e de que forma, cor ou maneira foi refeita a obra, pois não visitei a igreja matriz de São Desiderio, por motivo muito óbvios, os quais comungo com esses dois inovadores artistas plásticos.

Anos mais tarde a punição chegou para Mestre Randesmar, que no governo do Doutor Saulo Pedrosa, no afã controverso de construir a tal “Baia de Guanabara”, retirou a escultura metálica do “Guardião do Rio”, de autoria do Mestre. Até hoje não se sabe por onde ela se encontra.

Foi de Rildo Senna que ouvi essa história e acredito que de fato aconteceu. A dita restauração do Santo foi um fato hilário, dos muitos que esses dois artistas já produziram em ambas as carreiras. Hoje estão tão velhos quanto eu, cansados da ausência de reconhecimento por parte de inúmeros políticos que por aqui ocuparam o poder.

Tomei a decisão de registrar essa estória, para que o povo dessa terra de tantas “indagas”, não apague da memória o fazer artístico dessas duas personagens as quais reputo admiração e respeito.
E mais uma vez afirmo, dando uma de Chicó, só sei que foi assim…

(continua no próximo episódio)

Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação

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