(Capítulo 03 Episódio 12) – VEREADORES E O ALMEJADO CABIDE DE EMPREGO
Conhecendo um pouco das atitudes de Carmélia, posso imaginar sua tremenda decepção e quanto se sentiu impotente diante desse fato deprimente e constrangedor. Acredito até que situações como essa onde a miséria e a condição de penúria da comunidade de baixa renda se submete, levaram a jovem diretora a sua condição atual.
Com muita determinação e defrontando-se com algumas derrotas, Carmélia ocupa pela segunda vez uma cadeira na Câmara de Vereadores. Se for considerada sua condição financeira, não necessitava desse cargo, vivia tranquilamente com suas posses e seu salário de professora.
Porem, seu espírito guerreiro e suas atitudes firmes, falaram mais alto. Em seu primeiro mandato se tornou um calo dolorido para os pés do prefeito Antônio Henrique, por sua insistente oposição ao seu governo.
Como nada pareceu ser pessoal, hoje podem até consideram-se amigos. Se respeitam e se consideram, enfim a política tem dessas coisas.
O que de fato posso recordar e considerar é que a política esteve presente e atuante na vida dessa moça, desde quando se tornou funcionária da UNEB. Fez campanha acirrada nas eleições para a Reitoria e ajudou a eleger todos os candidatos que apoiou. Professor Doutor Bosco Pavão, foi um deles.
Possivelmente, depois de participar dessas companhas vitoriosas, chegou o momento de tratar definitivamente da sua própria. Traçou sua estratégia e ao ocupar o cargo de presidente do sindicato dos servidores públicos, tornou-se apenas uma questão de tempo para chegar à vereança. Amealhou porem algumas derrotas, mas chegou e deve pretender ir ainda mais longe.
Muitas vezes atabalhoada, confusa e mal interpretada, mas sempre legalista e pronta para ir de encontro a qualquer ação que considere como ilegalidade. Não se intimida como o poder de qualquer gestor que ocupe um cargo.
Não coaduno com sua ideologia, nem sei se ela existe ou acontece pela conveniência que todo político em busca de poder necessita se submeter, nesse país permeado de corrupções. Gosto dela com pessoa e sei que isso é recíproco.
Se tomei a liberdade de relatar esses fatos interessantes e desconhecidos da população de um modo geral é que na condição de crítico, jornalista livre dos grilhões do poder estabelecido, estou me propondo a escrever a estória dessa cidade que tanto aprendei a amar.
Meu foco se prende a essas personalidades, muitas vezes hilárias, folclóricas ou apenas interessantes que interferem na sociedade e cujas estórias não devem ser apagadas pelo tempo.
(continua no próximo episódio)
Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação