(Capítulo 03 Episódio 1) – VEREADORES E O ALMEJADO CABIDE DE EMPREGO
A Câmara de Vereadores de Barreiras, é um manancial de estórias interessantes. Lá aconteceu e talvez ainda aconteça, coisas que “deus dúvida”, pois nesse ambiente similar a “gaiola das loucas” a produção de pérolas é uma constância.
Em gestões passadas, possivelmente antes que Jusmari fosse eleita prefeita, um vereador representante do povoado do Rio Branco e pau mandado da deputada, ocupou uma das cadeiras da casa por todo um mandato. Mais conhecido como o “japonês” de Jusmari. Uma figura notável que permaneceu por todo o seu mandato sem praticamente emitir uma só palavra. Só ouviam sua voz quando o segundo secretário fazia da Chamada Regimental.
Mantinha seu gabinete com duas senhoras que até hoje não sabem qual era mesmo sua função. O japonês, nem por lá aparecia. Chegou mudo e permaneceu calado.
Não foi o único, nem será o último. A ignorância política da população produz esses seres lendários. Eleitos por seus pares, por falarem a mesma língua ou simplesmente não dizerem nada durante todo um mandato.
O parlamento para atingir seu objetivo político, depende de voz, de palavras de impacto e de convencimento e entendimento de seus afazeres fundamentais. No entanto, boa parte apenas balança a cabeça e produz a “calangagem” que muito beneficia o gestor.
Outros, no entanto, são prolixos e conhecem muito bem como funciona o sistema. Chegam de bicicleta e atingem um sucesso financeiro avassalador e surpreendente, que em poucos meses já conseguem adquirir bens que no passado seriam improváveis.
A função primordial de fiscalizar sofre a mutação do simplesmente concordar e aproveitar. Enfim, serão quatro anos garantidos de sucesso, coisa que desde os primeiros dias, já os faz preocuparem-se com a reeleição. A perpetuação no poder é o que de fato interessa.
No auge histérico das campanhas políticas, prometem passes livres para estudantes em coletivos públicos e coisas ainda mais improváveis e mirabolantes. O povo oprimido por sua constante ignorância do fazer de um vereador, aceita e abraça a causa. Mesmo que ela seja ridícula e improvável, mas para eles o referido vereador é um herói, um paladino da justiça social.
(continua no próximo episódio)
Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação