Para quem escreve todos os dias, a grande dificuldade é encontrar um título que ainda não foi utilizado. Sendo assim passo doravante a escrever em capítulos. Se fosse um vídeo seria então o que no passado era chamado de episódio. Tipo “Flash Gordon” de 1936, que pretendia prender o público para assistir o próximo, onde a estratégia sempre enunciava um novo suspense.
O leitor atual é por si só uma raridade. São poucos os que se dedicam a leitura e conseguem chegar até o final de uma obra. Alegam falta de tempo, pois todo seu tempo está dedicado ao celular. Coisas do mundo moderno.
Voltando a questão da escolha do título, principalmente quando o assunto é político, a mesmice é tanto enfadonha quanto repetitiva. Portanto a escolha de tanto criar expectativa quanto prender a atenção do leitor, gerou a iniciativa de escrever em episódios.
Claro que é um projeto ousado, mas nunca original, como relatei antes, isso já existia até mesmo na década de 30. Abelardo Chacrinha já dizia: “… nada se cria, tudo se copia!”
Capítulo 01
Barreiras de 1979, quando aqui cheguei, era uma província perdida no Oeste da Bahia. O viajante que partia de Salvador para a nova capital do Brasil, tinha que chegar em Ibotirama, ser transportado em uma balsa para atravessar o Rio São Francisco, como a única opção terrestre.
Isso demandava, muito cansaço, paciência, resiliência e enfim, um “saco de filó”, para aguentar a viagem. Chegando em Barreiras, pouca coisa mudava de aspecto. A rodoviária era uma espécie de galpão que lembrava mais um forte mexicano em decomposição. Nos dias de hoje a mudança ainda é irrisória.
A prefeitura e a Câmara funcionavam em um espaço amplo para a época, pois as demandas ainda eram muito pequenas. O comércio dava seus primeiros passos e já era um destaque em comparação a outras cidades de idêntico porte. Quem não fosse funcionário público, militar, bancário ou profissional liberal optava pelo comercio.
A cidade estava sob a égide do “coronelismo”, na sua mais pura essência, onde a regra de obedecer era destinada a quem tinha juízo. Caso contrário, as represálias aconteciam e eram por assim dizer de “arrepiar os cabelos”.
No comando, um antigo mascate que por qualquer deslize dodestino político foi alçado ao poder pela benção de ACM, conhecido na época como “Toinho Malvadeza”. Hoje, devida a mesma questão política, repleta de anomalias, admito ter saudade dele. ACM era um baiano que amava sua terra e por ela muito fez. Ao contrario de Sarney no Maranhão e os “barbalhos” no Norte do país que só produziram miséria.
Baltazarino, o “Litlle Big Man” (pequeno grande homem), com mãos de ferro, comandava a cidade…
(continua no próximo capítulo)
Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação