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HERÓIS SEM CAUSA

Éramos, quando jovens considerados assim. Tínhamos recentemente nos afastado parcialmente do umbigo familiar. Vivendo as primeiras influências do mundo real, onde a intervenção familiar não nos alcançava com tanta veemência. Momento então de contestar principalmente a disciplina imposta e começar a sonhar com a sensação de liberdade de um mundo completamente novo.

Não demoramos muito a “quebrar a cara”, pois lá fora, além das dependências de nosso reduto familiar a vida nunca foi fácil. A posse dos valores matérias ditavam as novas regras em detrimento das coisas sentimentais.

Longe do abraço carinhoso dos familiares e da proteção que antes nos sustentava, agora seria a influência das amizades conquistadas que norteariam nossas vidas. Com o tempo surgiriam as grandes decepções e em contra partida as poucas amizades sinceras que possivelmente nos acompanhariam até hoje.

Muitos de nós, já fomos taxados de comunistas (sem nunca termos lido Marx), mas era a moda. Quer participar de um grupo de intelectuais? Então participe do Grêmio, filie-se a UNE e seja um revolucionário. Faça isso ou vegete entre os párias, covardes e sem motivação.

Nos encontros e desencontros da vida, encontramos alguém que nos parecia única e insubstituível. Vieram os filhos e nos tornamos pais. Só assim conseguiremos refletir o que nosso próprios pais, pretendiam para o nosso futuro.

Quando hoje observamos o comportamento dos heróis sem causa que geramos, ficamos apreensivos. Viciados em celular, longe das bibliotecas, alienados por influência de uma instrução escolar insuficiente e apaixonados por música de péssima qualidade e alvos da influência maligna de outros vícios modernos. E pior de tudo assimilando, conhecimento pelo “ouvi falar”, “publicaram do site” e decidindo sem ir a fundo, simplesmente compartilhar.

Estão se tornando vítimas da moda, das novas tecnologias e do distanciamento agressivo que ela produz. Aceitam passivamente comportamentos abusivos e parecem não ter mais a possibilidade de quebrar os paradigmas que nós quebramos. Muitos deles, analfabetos funcionais apanhados como ratos na rede de uma perigosa, de uma inversão total de valores.

Guto

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