(Capítulo 1 Episódio 6) O jeito encontrado foi recorrer ao terceiro andar da Loja de João de Germano que colecionava dinheiro por anos seguidos. Notas até que já haviam saído de circulação e estavam empilhadas como no cofre do Tio Patinhas. Pouca gente sabe disso e da enorme avareza que estava relacionada a esse fato. Com paciência, mas há muito custo levantaram a grana que necessitavam para dar aos ignorantes políticos de sempre um motivo para fazer sua escolha. A política era assim, alguém tem dúvida se isso mudou? Nesse momento da história, produtores da região ainda insistiam no gado, como principal fonte de riquezas. O cerrado, para muitos era lugar onde nem calango conseguia sobreviver. Estavam redondamente enganados. Essa era a influência de Baltazarino e de seus seguidores, que não viam com bons olhos a chegada dos sulistas. A “Velha Raposa” mantinha uma aversão crônica contra sulistas e geralistas. Sim, aqueles desgarrados que ocupavam sítios a beira dos rios do cerrado, nada produziam e consumiam o peixe e a farinha de mandioca. Eram posseiros naturais do cerrado e no fundo do quintal seus montes de desejos esbranquiçados se acumulavam. Em discurso na praça pública ele disse:
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(Capítulo 1 Episódio 5) Com certeza com colaborações ilustres, pois em tempos de “coronelismo”, a vontade do povo fica em segundo plano. Isso, ninguém me contou, pois na contagem de votos desse ano eu era um dos escrutinadores convocados pela Justiça Eleitoral. As urnas que chegavam das zonas eleitorais eram empilhadas no salão e conforme o trabalho evoluía eram abertas e conferidas. No início da noite tudo ocorria com normalidade, mas de repente a energia foi deligada e a escuridão tomou conta de todo o prédio. Então, a eleição que estava praticamente configurada para determinado candidato, começou a entrar em declínio, quando a luz voltou e as maletas de urnas foram reabertas. Escutei alguém gritar! – O Bezerro berrou! E então para surpresa geral o milagre aconteceu. Considerando essa suposta volta triunfal, muita gente nos dias de hoje afirma que o prefeito atual, pensou da mesma maneira. Pode até ser, mas como se explica que sua conduta em levar Otoniel pelo braço por todos os lugares onde obras foram concluídas, demonstra que quer perder essa eleição? Isso em tempos passados, nunca foi a postura de um prefeito que pretendia fazer um sucessor. Pois apenas determinada um nome, colocava uma foto em conjunto, participava de discursos e comparecia em algumas reuniões. O resto ficava por conta do desempenho pessoal de seu candidato. Hoje a coisa ficou diferente. Zito quer Otoniel ocupando sua cadeira e quem duvida disso, está completamente enganado. E agora soube de uma decisão da justiça eleitoral (escrevi em minúsculo porque cada dia que passa, acredito menos em decisões judiciais), ficou expressamente proibida aliar a figura do prefeito atual com seu candidato. Toda a mídia impressa precisa ser alterada. No entendimento do juiz isso é ilegal. Momento então em que pergunto ao mesmo, se o atual prefeito não detivesse o prestígio que Zito tem, se fosse um “zé arruela” tentando promover seu candidato, isso seria ilegal? Consideraria ilegal o prefeito sem prestigio lutar pela vitória de seu candidato e aparecer ao seu lado em toda mídia expressa? Novamente recordando o passado, lembro do dia em que era necessário levantar dinheiro vivo para alimentar a “boca de urna” e o Tribunal Eleitoral que ainda era mais ou menos sério, tinha identificado a estratégia e proibida a rede bancaria de descontar cheques com valores vultuosos. (continua no próximo episódio) Guto de Paula Redator da Central São Francisco de Comunicação
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(Capítulo 1 Episódio 4) Segundo a lenda ou pura realidade, pois nada posso afirmar, tudo aconteceu na entrada de um tradicional clube da cidade. Possivelmente o Dragão Social ou o ABCD. Após algumas possíveis trocas de impropérios, a “Velha Raposa” ao defrontar-se com o rábula que tinha sido seu aliado, sacou de uma minúscula pistola 6.35 e disparou em direção do desafeto. Testemunhas oculares relataram que o tiro foi para cima e não na direção de seu adversário. O fato é que o mesmo caiu (não se sabe se foi de susto), ou mesmo atingido. Foi socorrido por populares e conduzido às pressas para fora da cidade. Uns afirmam que foi para Brasília, outros para Salvador. Isso de fato não importa muito, nem vem ao caso. Como a desavença foi entre duas “cobras criadas”, detentoras de artimanhas e artifícios similares, o acontecido recebeu a névoa necessária para encobrir fatos convenientes para ambas as partes envolvidas. Otacílio, o rábula, retornou a Barreiras completamente recuperado. Porém, apresentava evidente aplicação de cirurgia em seu ventre. Uns dizem que foi submetido a cirurgia de hernia, úlcera ou coisa similar, outros acreditam ainda que foi devido a extração de um projétil 6.35. Nada posso afirmar, pois a cortina de fumaça sobre o caso continua escondido na história. A fama conquistada por Barreiras que muita coisa se resolvia na bala, infelizmente ainda procede nos dias de hoje. Basta acompanhar as ocorrências policiais publicadas em periódicos, blogs e comentários nas redes sociais. Ou mesmo entender a extensão e dimensão da chamada Operação Faroeste. Valentia, heroísmo e covardia, são ainda os ingredientes que compõem a história dessa terra. Que por sinal não é diferente de qualquer outra cidade que foi invadida e colonizada por culturas diversas de interesses mais diversos ainda. Voltando ao tempo em que Otacílio era o prefeito e Baltazarino era quem mandava, a cidade se encontrava imunda e mal cheirosa. O lixo não era recolhido, porque a “Velha Raposa”, já entendia que quanto pior ficasse a cidade melhor seria para sua volta triunfal. E como de fato ocorreu. (continua no próximo episódio) Guto de PaulaRedator da Central São Francisco de Comunicação
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(Capítulo 1 Episódio 3) O prédio já estava consolidado e um dos professores, se não me falha a memória, o Odílio, observou que os lustres ou holofotes estavam dependurados de uma forma que limitavam ainda mais a altura da quadra. Muito respeitosamente dirigiu-se ao prefeito e falou: – Prefeito, não sei se o senhor ouviu falar de Bernardo da Seleção Brasileira de Voleibol, aquele que inventou a pratica do “Saque nas Estrelas”. Estou achando o teto bastante baixo para essa prática esportiva. E então, como era de costume a “Velha Raposa”, disparou mais uma de suas pérolas. – Se não der pra jogar vôlei, que joguem baralho! Isso calou os demais professores, pois argumentar qualquer outra questão, seria como apagar fogo com gasolina. Todas as outras obras eram impostas dessa forma. O que saia de seu pensamento era executado e ponto final. Porém, talvez recebesse alguma informação ou sugestão de seu genro engenheiro civil. O mesmo que ao aplicar o asfalto da rodovia Br até Angical teve a decepção de reconhecer que ao chegar ao destino final da obra, o início dela já estava se decompondo. Era o famoso asfalto “Sonrisal”, usado na política da época para convencer o povo. Nos dias atuais, esse papel tem sido feito com competência e periodicidade constante, pela EMBASA. O prefeito faz e a companhia de águas e esgotos destrói. Isso acontece por incompetência, ausência de compromisso ou por determinação do governo de esquerda? O fato é que por toda a extensão do asfalto aplicado, as marcas da atuação da companhia de águas são evidentes e perigosos obstáculos. Voltando a época do destemido prefeito, houve um episódio digno de nota. O tiro que supostamente atingiu seu ex-prefeito e aliado, mas nesse momento, seu maior desafeto. Um rompante passional que foi imputado a “Velha Raposa” em momento de descontrole na condução de campanha política. (continua no próximo episódio) Guto de Paula Redator da Central São Francisco de Comunicação acesse isaofrancisco.com.br para acompanhar a sequência de todos esses capítulos
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(Capítulo 1 Episódio 2) … sim, comandava de fato a cidade e até o destino de algumas pessoas. Seja lenda ou intriga da oposição o fato é que quando Baltazarino descobria que determinada pessoa de certa relevância era contraria ao seu sistema político, dava um “jeitinho” de fazer do adversário, um aliado eterno. Para tanto bastava apenas que algum parente ou amigo muito próximo desse suposto adversário cometesse um deslize qualquer. “Balta” como era identificado por alguns, não perdia tempo, tinha a Polícia em suas mãos e mandava prender o infrator e não se importava muito se o delito existiu ou foi fabricado por conveniência. Como na época não havia muita possibilidade de recurso, coisa que cá entre nós, nos dias de hoje ainda persiste, a “Velha Raposa” apenas esperava que o interessado, mesmo a contra gosto lhe procurasse. Como tudo era pura armação, a liberação do suposto infrator era imediata. Isso fazia do inimigo político de antes, um aliado para todo o sempre. De certa forma as vítimas de antes, são ainda tão inocentes como as de hoje. Caso isso não fosse, como se explica nos dias atuais, que pessoas convictas de direita se aliem a esquerda e vice versa, sem qualquer constrangimento. Sabem que a memória de alguns é ainda muito curta e que se deixam apaixonar por benefícios tão pequenos. Essa estratégia de certa forma truculenta, ainda ocorre nos dias de hoje porem, muito mais amenas. Veja que contratados recebem altos postos e determinados privilégios, não apenas nessa gestão, mas em todas as outras por onde passaram. Enquanto os concursados que são livres e independentes, caso não leiam na mesma cartilha, são destacados para postos distantes, inóspitos e problemáticos. Essa estratégia permanece e são poucos os gestores que as abominam. A “Velha Raposa”, praticava isso e mais um pouco. Sua mão pesada e sua caneta poderosa não estabeleciam limites. Contudo era uma figura simpática, carismática e levava consigo o estigma de um macho extraordinariamente corajoso. Adorado por muitos e odiado por tantos outros. Tanto é que eleições na época eram ganhas por uma diferença de mais ou menos, quinhentos votos, que por muitas vezes se repetiu. Um caso típico, para não se configurar apenas hilário, aconteceu na pré-inauguração do Ginásio de Esportes. Que de forma também extraordinária recebeu seu nome em vida. “Balta” demonstrava conhecimentos parcos sobre prática de esportes de quadra e para tanto convocou professores de educação física para uma reunião. Tratava-se da escolha do piso e da posição do placar eletrônico. (continua no próximo episódio) Guto de Paula Redator da Central São Francisco de Comunicação
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(Capítulo 1 Episódio 1) Para quem escreve todos os dias, a grande dificuldade é encontrar um título que ainda não foi utilizado. Sendo assim passo doravante a escrever em capítulos. Se fosse um vídeo seria então o que no passado era chamado de episódio. Tipo “Flash Gordon” de 1936, que pretendia prender o público para assistir o próximo, onde a estratégia sempre enunciava um novo suspense. O leitor atual é por si só uma raridade. São poucos os que se dedicam a leitura e conseguem chegar até o final de uma obra. Alegam falta de tempo, pois todo seu tempo está dedicado ao celular. Coisas do mundo moderno. Voltando a questão da escolha do título, principalmente quando o assunto é político, a mesmice é tanto enfadonha quanto repetitiva. Portanto a escolha de tanto criar expectativa quanto prender a atenção do leitor, gerou a iniciativa de escrever em episódios. Claro que é um projeto ousado, mas nunca original, como relatei antes, isso já existia até mesmo na década de 30. Abelardo Chacrinha já dizia: “… nada se cria, tudo se copia!” Capítulo 01 Barreiras de 1979, quando aqui cheguei, era uma província perdida no Oeste da Bahia. O viajante que partia de Salvador para a nova capital do Brasil, tinha que chegar em Ibotirama, ser transportado em uma balsa para atravessar o Rio São Francisco, como a única opção terrestre. Isso demandava, muito cansaço, paciência, resiliência e enfim, um “saco de filó”, para aguentar a viagem. Chegando em Barreiras, pouca coisa mudava de aspecto. A rodoviária era uma espécie de galpão que lembrava mais um forte mexicano em decomposição. Nos dias de hoje a mudança ainda é irrisória. A prefeitura e a Câmara funcionavam em um espaço amplo para a época, pois as demandas ainda eram muito pequenas. O comércio dava seus primeiros passos e já era um destaque em comparação a outras cidades de idêntico porte. Quem não fosse funcionário público, militar, bancário ou profissional liberal optava pelo comercio. A cidade estava sob a égide do “coronelismo”, na sua mais pura essência, onde a regra de obedecer era destinada a quem tinha juízo. Caso contrário, as represálias aconteciam e eram por assim dizer de “arrepiar os cabelos”. No comando, um antigo mascate que por qualquer deslize dodestino político foi alçado ao poder pela benção de ACM, conhecido na época como “Toinho Malvadeza”. Hoje, devida a mesma questão política, repleta de anomalias, admito ter saudade dele. ACM era um baiano que amava sua terra e por ela muito fez. Ao contrario de Sarney no Maranhão e os “barbalhos” no Norte do país que só produziram miséria. Baltazarino, o “Litlle Big Man” (pequeno grande homem), com mãos de ferro, comandava a cidade… (continua no próximo episódio) Guto de Paula Redator da Central São Francisco de Comunicação