Capítulo 02 – PATAQUADAS DA IMPRESA
Onde hoje se encontra a “Praça de Alimentação”, Ruyter Carraro, editor e proprietário do “Jornal do Oeste” encontrou-se com Paulo Braga e propôs a ele uma reportagem nas páginas centrais. Paulo educado como sempre aceitou e então confabularam sobre como a reportagem seria editada.
Ruyter era surdo de um dos ouvidos e sempre que entrevistava alguém colocava a mão no ombro do entrevistado para melhor aproximação. Sempre pensei que fosse pelo fato de ter dificuldades em ouvir. Não era isso.
Terminada a conversa, Ruyter disse a Paulo que precisa de pelo menos 50% dos valores da reportagem. Foi então que Paulo, educado e solicito como sempre declarou:
– Meu amigo, eu nunca trago dinheiro vivo comigo. Político que faz isso não para de distribuir aos pedintes de sempre. Foi então que Ruyter considerou que isso era um fato que tinha razão de ser. Político com dinheiro no bolso é um saco sem fundo.
Então despediu-se de Paulo e andou alguns poucos passos a frente e logo parou.
– Paulo olha aqui sua carteira, ela tem dinheiro suficiente para os primeiros cinquenta por cento da reportagem.
Paulo pasmo e confuso do motivo pelo qual sua carteira estava nas mãos do jornalista, ficou meio sem ação. Acabou pagando o valor solicitado.
O que quase ninguém sabia é que Ruyter Carraro, fugitivo do DOICOD e torturado pelo sistema, havia fugido de sua cidade no interior do Paraná e foi morar nas ruas de São Paulo. Seu jornal em Pato Branco tinha sido empastelado.
No auge de seu desespero fez amizade com um batedor de carteiras que também sobrevivia de seus golpes na cidade da garoa. Não se tratava de um batedor de carteiras qualquer, era um artista em seu ramo ilícito de atuação. Treinou Ruyter por longos meses e fez dele um excelente profissional.
Bater a carteira de Paulo, foi um ato desesperado, mas aceitável desde que a devolveu. Ruyter apesar dessa passagem pelas ruas de São Paulo, era um incansável trabalhador que procurou conduzir sua carreira jornalística com considerável competência.
Chegou a ministrar aulas de filosofia no Colégio Antares, aquele mesmo que deixou a ver navios um punhado de alunos. O colégio existia, tinha ótimos professores e alunos muito compenetrados. O que sequer não se imaginava é que o MEC não tinha nenhum registro dele. Mas esse assunto fica para mais tarde. (continua no próximo capitulo)
(acesse isaofrancisco.com.br para acompanhar a sequência de todos esses capítulos)
Guto de Paula
Redator da Central São Francisco de Comunicação.