Certa vez, até não faz muito tempo, um amigo me perguntou o que eu entendia por ser um cidadão de bem. Nessa indagação havia uma evidente vontade de relativizar tudo que fosse declarado. Me calei. Não que não reunisse argumentos para responder, mas pela surpresa de sentir que meu amigo tinha sido picado por essa ideologia esquerdista que promove uma desconstrução geral de tudo o que acreditamos estar correto.
Pensei muito sobre esse assunto que remoeu por muitos dias meus pensamentos. Hoje, depois de tanta reflexão e da preocupação de não ofender os ideais e os pensamentos de meu amigo, resolvi responder. O verdadeiro exercício da democracia, prevê e permite que ideais de esquerda e de direta se contradizem livremente.
Ninguém, desse ou do outro lado estão totalmente certos ou totalmente errados. Todos possuem seus motivos e suas razões pessoais para se posicionarem. Essas posições são frutos diretos do conhecimento adquirido em suas vidas e da interpretação que resolveram dedicar a elas. Uma construção de ideias difíceis de serem desmontadas.
Religião, política e futebol precisam ser discutidos sim. Mesmo porque no âmbito dessas conversas, após as reflexões, os posicionamentos podem se reforçarem e porque não, enfraquecerem. Possivelmente não serão prontamente admitidas por uma questão de orgulho, porem as marcas da lógica e da razão irão surgir. Apenas os entupidos não dispõem dessa possibilidade, pois sua imbecilidade os torna irreparáveis figuras radicais.
Pois bem, para mim cidadão de bem é todo aquele que procura respeitar as leis impostas na Constituição Magna de seu país. Que acredita sem sombra de dúvidas que a vida precisa ser defendida desde sua concepção. Que considera como ponto final que nascemos com sexo definido. Que a família é a célula principal e o princípio básico do que entendemos como devemos proceder na conjuntura da organização social.
Enfim, que o direito a liberdade de expressão não pode ser vilipendiado por interesses políticos ou jurídicos e que corresponde a principal conquista de um povo livre. Cidadão de bem é aquele que mesmo ofendido se cala e espera o momento certo de responder, pois a violência expressa em palavras ou em atos será sempre uma demonstração clara de descontrole emocional.
Cidadão de bem admite seus erros e procura manter-se na linha da integridade e no caminho e na busca verdade. O cidadão do mal, nem cidadão é, pois convive a margem da sociedade, enganando a todos e até a si próprio, propondo uma desconstrução geral e uma nova e ordem de valores, sem qualquer valor plausível.
Guto de Paula