O celular passou a praticamente fazer parte de nosso existir. Quase um órgão paralelo ao nosso próprio corpo. Sem ele estamos praticamente isolados do mundo moderno. Poucos dias atrás, li texto nas redes sociais onde alguém havia alertado que até moradores de rua, dos que passam o tempo todo pedindo esmolas, também possuem um celular. Escondido é claro. Seria inconcebível esmolar com um aparelho desses à mostra. Já não duvido dessa possibilidade, pois como relatei celular hoje é parte de nosso próprio corpo. No entanto, o que foi idealizado para integrar, informar e aproximar passou a ser uma barreira na comunicação presencial. Observem que ainda é comum nos bares e restaurantes, grupos de pessoas estarem à volta de mesas conversando animadamente. Isso ainda acontece. Mas de repente um sinal eletrônico modifica o cenário. Alguém saca um celular do bolso ou da bolsa e atende uma mensagem. Em poucos instantes o assunto esmorece e um a um, quase todos acionam seus celulares. Presentes, mas ausentes do contexto atual, deixam-se levar por essa extraordinária forma de se comunicar que separa os próximos e aproxima os distantes. O pós-guerra disponibilizou ao mundo moderno o que no momento do conflito fazia parte da estratégia, sobrevivência, ataque, mas principalmente da agilidade de informação. Os muito jovens não viveram o tempo do telefone fixo. Caríssimo aparelho que por ser limitado era por si só privilégio de poucos. Podem lembrar até do “tijolão”, o precursor da telefonia móvel. Esse sim servia de fato para ampliar a comunicação. Foi evoluindo, recebendo novas e inovadoras tecnologias e agora estamos condenados, subjugados, viciados e dependentes dessa “maravilha”. Não mais sinais de fumaça, tambores, refletores de comunicação, código Morse e etc. Agora apenas um minúsculo aparelho que determina que casa é “csa”, que beleza é “blz”, mas está nos distanciando de valores conservadores e tradicionais, afastando pessoas, que no espaço mínimo de abraços, comprimentos ou beijos, estão virtualmente distantes. Considero que para essa febre pandêmica não existe nem remédio nem vacina. Ei! Dá-me um abraço enquanto ainda há tempo! Guto de Paula